20 de outubro de 2010

Fotos de Pindamonhangaba , histórias e causos..


Câmara dos Vereadores


Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso


Museu Histórico Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina.

As obras seculares de Chiquinho do Gregório

por Altair Fernandes


As obras da construção da Matriz tiveram início em 1703. Inicialmente a sua frente era direcionada para o atual calçadão da Arcebispo Dom José, que se chamava Travessa da Matriz. Chiquinho do Gregório trabalhou em sua reforma em 1853

Palacete Visconde da Palmeira, única reminiscência da nobreza rural paulista

Altair Fernandes
Em Pindamonhangaba, dos prédios do século XIX que resistiram aos avanços do progresso e às novidades da arquitetura, pelo menos três são obras de Francisco Antônio Pereira de Carvalho, o Chi-quinho do Gregório: A igreja Matriz (Santuário Mariano e Diocesano Nossa Senhora do Bom Sucesso), o palacete Visconde da Palmeira (Museu Histórico e Pedagógico D. Pedro I e Dona Leopoldina) e o palacete Tiradentes (Câmara Municipal).



Chiquinho do Gregório não possuia nenhuma formação acadêmica convencional, no entanto, suas obras nada devem às construções de autoria de renomados profissionais do século XIX, como o francês Charles Peyrouton, que projetou o palácio dos condes de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro (Palácio do Catete) e o Palacete Itapeva (atual Palacete 10 de Julho, sede da Prefeitura de Pinda).

Desse arquiteto amador, o historiador Athayde Marcon-des, relembra “foi dedicado amigo do progresso e homem de idéias adiantadas”. Seu talento lhe valeu o histórico elogio do dr. Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello, o barão Homem de Mello: “Cada rua de nossa cidade, como cada pedra de nossos edifícios guarda o nome venerando de Pereira de Carvalho.”

Chiquinho do Gregório, português e pindamonhangabense
Nascido aos 28 de dezembro de 1820, em Portugal, na cidade de São João da Pesqueira, filho de Antônio José de Carvalho e dona Maria do Carmo Pereira, veio para o Brasil aos 16 anos de idade. Na barca “Lusitana” aportou no Rio de Janeiro em 1836. Em seguida foi para o estado de Minas Gerais, permanecendo por lá durante três anos (morava em Vila das Caldas). Estava com 19 anos (1839) quando veio morar em Pinda, onde conseguiu emprego com o capitão Gregório José de Oliveira e Costa, fazendeiro abolicio-nista e liberal que também foi juiz municipal, delegado de polícia e vereador local. Francisco acabou se casando com a filha do patrão, Maria Rita de Oliveira e Costa. Por ser empregado do capitão Gre-gório e haver se casado com a filha do patrão, é que passou a ser conhecido como “Chiquinho do Gregório”. Com Maria Rita foi pai de dois filhos, Affonso Henrique e Maria do Carmo. Ficando viúvo, casou-se novamente. Sua segunda esposa foi Firmina Pereira de Carvalho, com ela não teve nenhum filho.

Prédios centenários
Chiquinho foi responsável pelo projeto de inúmeras construções e pela demarcação de várias ruas. Algumas de suas obras de destaque foram:

Palacete Visconde da Palmeira. No período de 1850 e 1854 foi o desenhista e construtor da nova residência do capitão Antônio Salgado da Silva, Visconde da Palmeira, atual sede do Museu.

Teatro de Pinda. Teve suas obras iniciadas em 1851 e Chiquinho do Gregório também foi o autor do projeto de construção. O prédio ficava na praça Formosa, atual Mon-senhor Marcondes.

Igreja Matriz. No ano de 1853, iniciou uma nova reforma na Matriz. Os trabalhos foram concluídos em 1856, recebendo, o agora Santuário Mariano, a fachada que ostenta até hoje.


Palacete Tiradentes. Em 1862 foi o desenhista e construtor do prédio que abrigou a Câmara (parte superior) e a cadeia pública (parte inferior). É o prédio que na atualidade sedia a Câmara Municipal.

Fundou o 1º jornal de Pindamonhangaba
Não foi somente na área das edificações que deixou seu nome registrado na história, também foi responsável pela fundação do 1º jornal de Pinda, ao lado de Joaquim Silveira da Costa e Álvaro Pestana. O primeiro número saiu em 9 de julho de 1863. Nesse mesmo ano foi um dos sócios fundadores do Clube Literário Pindamonhangabense, dissolvido em 1868 (não confundir com o Clube Literário e Recreativo, este fundado em 1880).

Inaugurou sua derradeira obra com seu sepultamento


Na construção do Palacete Tiradentes trabalharam 85 escravos pertencentes a vereadores e ao presidente da Câmara


Francisco Antônio Pereira de Carvalho, o Chiquinho do Gregório


Em 1864, andava muito adoentado. Mal concluiu a construção do Cemitério Municipal, obra da qual foi autor da planta (divisão da área em quadras e ruas) se agravou seu estado de saúde. Aquela seria a sua derradeira obra em Pinda. No dia 16 de outubro daquele ano, três dias depois da conclusão do cemitério, morreu Chiquinho do Gre-gório. Foi seu corpo o primeiro a ser ali sepultado.
Aos 44 anos de idade, sendo 25 dedicados a Pindamonhangaba, Chiquinho do Gregório concluiu sua obra terrena. Sua morte foi divul-gada no jornal que fundara (O Progresso). Houve homenagens póstumas no clube que fundara (Clube Literário Pindamonhangabense) e em um dos prédios que construira (Câmara Municipal). Houve ainda comentários de pesar pelas ruas que demarcara.

Sabia ... Que o túmulo nº 1

Do Cemitério Municipal é o do arquiteto Francisco Pereira de Carvalho, o Chiquinho do Gregório. O túmulo, que fica próximo à capela, à direita de quem entra, marca o primeiro sepultamento ocorrido naquele cemitério.

Pelo fato pitoresco que marcou esse sepultamento (o cemitério foi a última obra do artista ali sepultado), e pela contribuição histórica que Chiquinho Gregório deixou para Pindamonhangaba, a sepultura deve ser considerada algo mais do que simples monumento fúnebre. Já o nome de Francisco Antônio Pereira de Carvalho é boa sugestão para patrono de alguma entidade ligada à arquitetura, engenharia...

Nota Pitoresca - A Carroça Fúnebre
Outro caso contado pelo saudoso pesquisador da história de Pinda, o seu Lacerda do Arquivo, aconteceu por volta de 1940, envolvendo o Zé Gordo, um amigo dele. Zé Gordo, na verdade, era como todos conheciam o José Prado, um cidadão muito presta-tivo e trabalhador. Com Zé não havia preguiça, não. Para completar sua renda estava sempre procurando algo extra pra fazer. Numa época muito anterior aos serviços de entrega em domicílio, ao disque isso e aquilo, o Zé resolveu ser distribuidor de á-gua potável. Arrumou uma clientela no centro da cidade e começou a trabalhar.

Todas as manhãs, entre cinco e seis horas, lá estava ele empurrando seu carrinho de mão, cheio de latas d’água. Água boa da serra, vinda da represa do Trabiju. Água apanhada na bica da praça da Cascata. Cobrava 500 réis a lata.

Como sua casa não ficava muito longe da fonte, morava na rua Dr. Frederico Machado, certa noite de insônia o Zé Gordo cismou de adiantar o serviço, resolveu encher as latas.

Pouco passava das 23 horas, mas naquele tempo era muito tarde para encontrar alguém fora de casa. Nas ruas desertas e escuras, só o Zé empurrando o carrinho cheio de latas. Tinha acabado de entrar na rua 7 de setembro quando alguma coisa quebrou o silêncio lá pelos lados da passagem de nível... Era uma carroça puxada por um só cavalo. Não dava pra ver direito o carroceiro, mas dava pra ouvi-lo incitando o animal. Dava pra ouvir cada vez mais forte o estalo do chicote, as batidas dos cascos e o gemer das rodas da carroça vindo em sua direção...

Não é que o diabo da carroça vinha mesmo era pra cima do Zé Gordo. E ele ali parado, paralisado. O corpo não obedecia a mente, queria sair da frente mas não conseguia se mexer. O remédio foi fechar os olhos e esperar o baque...

Em vez do choque sentiu uma lufada de vento gelado e perdeu os sentidos. Quando voltou a si, sem saber por quanto tempo ficara desacordado, levantou assustado e confuso. Mesmo assim seguiu em direção à praça da Cascata, tinha que encher as latas. Só conseguiu chegar até os trilhos da passagem de nível. Não pôde dar um passo a mais, uma força estranha o impedia de prosseguir. Voltou pra casa e passou a madrugada em claro. Depois disso nunca mais se aventurou em buscar água à noite. Só ia pela manhãzinha.

Zé Gordo tinha sido vítima da carroça fúnebre, uma carroça fantasma que aparecia em noites mais escuras. Diziam que era conduzida pela alma penada de um carroceiro. Um senhor que durante uma epidemia ocorrida em Pin-da no início do século XIX, havia sido contratado para transportar os mortos da Santa Casa para o cemitério. Diziam que ele transportava cadáveres a noite inteira, até que acabou contaminado pela moléstia que assolava o município e morreu.

Tão apegado era o “cocheiro dos mortos” àquela tarefa que deixou a terra sem desligar-se das coisas terrenas. Por isso continuava executando o fúnebre transporte. Continuava fazendo a linha Santa Casa... cemitério.......


Mais interesse sobre minha cidade querida entre no site {www Pindavale.com.br }. Lá encontrará outras histórias...Super interessante.

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